quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Tarpon Holding e o Fumo no Acionista de IPO

     Como já tenho comentado com colegas. O 'expert' em investimentos ou analista que vier com conversa-mole a respeito de longo prazo em investimento acionário, já perde de vez o crédito que poderia vir a ter.
     Há uma falácia, no mercado financeiro, a qual é vista muitas vezes em entrevistas com 'especialistas' de investimentos; é o tão comentado 'longo prazo'.
     Este tal de longo prazo é um artigo de fé que os consultores de investimento se agarram e, ao mesmo tempo, tentam por ele escapulir. Quando não, é usado como manobra de incompetência na gestão de risco, bem como, uma forma simplista de apresentar o investimento em ações aos novatos, aos de boa-fé e aos que se julgam 'sabichões'.
     Vamos a um exemplo real, hoje, de tão grande bobagem propagada pelos ases de investimento.
      A Tarpon Holding, empresa que é oriunda do mercado financeiro e que dele depende para continuar a existir, na data de hoje, enviou um comunicado à CVM, constando a intenção de encerrar seu registro como companhia listada. O preço estipulado pela empresa para compra da totalidade de seus BDRs, emitidos pela própria será, de R$ 17,45. Tal preço foi baseado em - fico até emocionado - valuation report / fairness opinion. Não é chic? Em inglês.
      Well, os tais BDRs da Tarpon Holding foram lançados em maio de 2007, sendo negociados a R$ 21,40 em seu primeiro dia. Então o investidor que acreditou na empresa, a qual vive de mercado, que pagou R$ 21,40 por BDR, a mais de 3 anos atrás, tomou prejuízo, o qual é irremediável.
       Caso o investidor da Tarpon tivesse alocado seus recursos na reles poupança, teria uma rentabilidade sobre o capital investido e estaria ainda com ele. Sem dores de cabeça, sem enganação.
       O irônico disto é que a Tarpon é renomada empresa, gestora de recursos e que preza pela boa governança e o retorno de seus investimentos! E a BM&F Bovespa na propaganda, com o Pelé, para emplacar os 5 milhões de futuros participantes no mercado,...
       Hoje, esta mesma empresa, utilizando o próprio capital (dinheiro mesmo) do investidor, lhe 'ferrou a cartola'. Ela vendeu a si própria para o investidor minoritário (miniotário, a bem da verdade) e, com o dinheiro arrecadado por este investidor, resolveu comprar seus BDRs, por um preço menor.
      Interessante notar que, nestas transações multimilionárias, as corretoras, os bancos, as empresas de auditoria, entre outras, faturam um bom cachê e não lhes interessa realmente, se o investidor (pessoa física, institucional, etc.) vai ter retorno sobre seu investimento. Elas, as empresas, já faturaram o delas.
     IPO (Initial Public Offer) é sempre a velha história: é o dono vendendo caro aquilo que possui para os 'investidores qualificados', os aplicadores milionários, os fundos de investimentos 'bam-bam-bam', os institucionais, os gestores de riqueza, da previdência privada ou pública, os clientes que tomam cafezinho com a gerência, acostumados a ouvirem as melhores dicas, cochicadas, ao pé do ouvido,...
     Caracteristicamente as ofertas públicas iniciais  (de ações ou recibos) são lançadas nos bons momentos econômicos, já constituindo por si só, um risco a mais.
     Voltando ao longo prazo, tal fator, para investimentos acionários, é coisa de tonto, mesmo que a empresa apresente bons fundamentos que justifiquem o contrário.
     Fico a imaginar o interesse de algumas empresas cancelarem seus registros na CVM; vou citar um.
     A empresa vislumbra um futuro econômico favorável (note a sutileza) e, não vai repartir os polpudos lucros com os 'miniotários'. Ainda mais com o futuro boom brasileiro em ativos, visto a tendência atual de queda nas taxas de juros reais.
     Pode até ser que, volte ao mercado de capitais, em outro momento, mais auspicioso. Com outro valor de mercado é lógico.
     "Bolsa" é cemitério de capital, sem dúvida.
     E não se esqueça, mesmo no caso da Tarpon Holding, empresa de bons fundamentos, o risco estava no prospecto.
     Engula o choro,....

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