quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Planejamento da Crise 2008 - Abuso do Crédito com Baixo Prêmio

    Passados dois anos do auge da crise de 2008, a qual se deu em setembro daquele ano, ainda é sentida os seus efeitos. Mais de uma centena de bancos norte-americanos faliram em 2010.
    A crise teve início no coração e na mente da Economia e seu modelo atual, nos EUA.
    Basicamente, o que houve, foi o resultado de más administrações políticas e econômicas nos países mais ricos, aliadas, principalmente, à famigerada ganância das casas bancárias globais; havia uma crença na eficiência dos mercados livres. Agora, está morta.
    No período pré-crise haviam juros baixos e mui baixo critério para fornecimento de empréstimos e financiamentos. As grandes instituições financeiras, bem como os seus diretores, ávidos por grandes lucros (no caso dos bancos, bilionários e no caso dos diretores, milionários) e rápidos, alavancaram a tudo e a todos; contudo, também atuaram na contraparte do sucesso de tais operações alavancadas. O resultado foi a falência e a anexação dos maiores bancos de investimentos do globo (alguns até centenários) e a quase-falência (ou anexação) de alguns dos maiores bancos europeus (quer na França, Espanha, Suíça, Alemanha e até na Inglaterra).
    Houve aumento do desemprego e subemprego e grande endividamento soberano (dívidas públicas dos países). As pessoas se endividaram mais do que deveriam, não sendo portanto, inocentes, porém, as mais suscetíveis vítimas. Só que a massa não dita o rumo das coisas, ela se ajusta. Tem menor pecado.
    No mercado global, há sempre que se aproveitar as circunstâncias, visando a maximização do lucro atrelado ao baixo risco. No entanto, quando as instituições financeiras visualizam a concorrência e os resultados obtidos, há uma ganância por melhores resultados, mais rápidos e a ambição de se tornar maior e a pressão para não ser deglutido. Maior lucro, expansão e comparação entre os seus semelhantes. Isto impulsionou o planejamento da crise.
    Os grandes banqueiros sabiam perfeitamente que haveria uma contração forte da atividade econômica e também apostaram contra e lucraram muito.
    Existem dois grandes temores aos banqueiros (se eu fosse banqueiro, também os temeria): o primeiro é ficar insolvente e o segundo é o temor do primeiro. A crise beneficiou os grandes bancos, pois, tiveram apoio dos governos para adquirirem outras instituições a taxas de juros negativas, praticamente. Os grandes conglomerados bancários se tornaram maiores; são grandes demais para falirem é a opinião geral. Obviamente que deveriam ser desmembrados, porém, o homem não age pelo que deve ser feito e sim pelo que melhor pode ser feito para o bem da elite.
    O efeito da crise, em termos creditícios, foi uma transferência da dívida individual e institucional privada para os governos. Os governos já estavam endividados e, agora, realmente atolados em dívidas e com arrecadações estagnadas. Haverão rebaixamentos da qualidade dos títulos de tais países. Na realidade, o título do Tesouro Americano já não é mais AAA (o melhor em qualidade do globo), mas, as agências não devem rebaixar tais títulos, obviamente. O efeito da crise seria realçado, se isto ocorresse.
    Há, atualmente, um incentivo ao consumo americano e europeu, porém, esta desalavancagem ocorrida na crise ainda não foi finalizada. Mais corpos boiarão. Não vejo saída para alguns governos a não ser o 'default', aumento de impostos e corte de benefícios sociais.
    Este é um dos resultados da quebra do padrão-ouro: ganância financeira desmedida, consumo em mui grande escala com rapidez, perda de valores morais e destruição do meio-ambiente.
    Uma pergunta: o que fazem os americanos com enxadas nas mãos?
    Resposta: ouvem a direita.
   
 

2 comentários:

  1. Olá, Ângelo
    Esta sua análise parece-me muito bem feita, embora eu seja leiga no assunto.
    A crise, sinto-a, sim, cada vez que vou ao supermercado e, com o mesmo dinheiro, faço menos compras.
    Soluções? Ignoro-as, mas que não chegarão tão cedo não tenho dúvidas. Ainda teremos muito que sofrer...

    Continuação de boa semana.
    Beijinhos

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  2. Mariazita, sou leigo em Economia também.
    Esta crise foi desencadeada, principalmente, numa visão 'local' devido ao baixo prêmio para concessão de empréstimos em todos os segmentos do mercado financeiro americano.
    Estourou na parte mais frágil.
    Numa visão mais profunda, a crise é fruto de fatores que envolvem: o interesse eleitoreiro, a desregulamentação do mercado financeiro, a ganância (desde o corretor de imóvel ou o vendedor de carros até o mais rico banqueiro) e a comparação de ganhos (valores e velocidade de tais) entre si; tudo isto levou ao baixo-prêmio frente ao risco, ao gasto desmedido e alavancagem (toma-se dinheiro emprestado acima da capacidade para pagamento pois os juros estavam muito baixos e a economia aquecida, a qual é sinônimo de venda, a qual, por conseguinte, é sinônimo de lucro).
    Economia tem ciclos de expansão e retração, contudo, sempre cresce. Então a crise (e seus efeitos) vão passar, até se formar outra 'bolha de valor' para ser estourada.
    Beijos e bom fim-de-semana.

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